Cansaço de fim de ano? Pode ser o que você está comendo, não o quanto você trabalhou
Professora da Univali explica como a alimentação e o comportamento alimentar influenciam a fadiga física e mental nesta reta final do ano


O fim do ano se aproxima e, com ele, dois sentimentos parecem andar lado a lado: o desejo de chegar ao verão “em forma” e o cansaço acumulado de um ciclo intenso de trabalho e estudos. Mas, segundo a professora Taren Leite, mestre em Saúde e Gestão do Trabalho e coordenadora do curso de Nutrição da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), parte dessa fadiga pode não ter relação direta com o estresse ou com o excesso de tarefas e sim com o que colocamos no prato.
“Há uma relação íntima entre alimentação e disposição. Quando a dieta é desbalanceada, rica em ultraprocessados e pobre em nutrientes, o corpo entra em um estado de fadiga constante. É comum que as pessoas interpretem isso apenas como cansaço mental ou falta de motivação, mas, muitas vezes, é o organismo sinalizando desequilíbrio nutricional”, explica Taren, que também é especialista em atenção básica/saúde da família, nutrição clínica funcional e fitoterapia.
A professora alerta que, nesta época do ano, o ciclo de restrições alimentares e promessas de “compensação” tende a se intensificar, o que pode agravar ainda mais o quadro de exaustão. “Dietas restritivas, jejum prolongado e culpa alimentar são fatores que desregulam o metabolismo e pioram o humor e a energia. Comer bem não é castigo, é autocuidado. Precisamos trocar a lógica do ‘projeto verão’ pela do ‘projeto vitalidade’”, reforça.
Além dos impactos físicos, a alimentação também influencia o bem-estar emocional. A deficiência de vitaminas do complexo B, ferro e magnésio, por exemplo, pode estar associada à irritabilidade e à queda de concentração. “O alimento é um dos pilares da saúde mental. Refeições equilibradas ajudam o cérebro a produzir neurotransmissores que regulam o humor, como a serotonina. Cuidar da alimentação é cuidar da mente”, acrescenta.
Com a chegada do verão e o desejo de encerrar o ano com mais energia, a professora destaca a importância de buscar orientação profissional. “Um nutricionista ajuda a individualizar as escolhas e criar estratégias sustentáveis, sem radicalismos. O equilíbrio é o que mantém o corpo e a mente preparados para recomeçar bem o próximo ciclo”, conclui.