Museu Oceanográfico Univali realiza expedição inédita na Elevação de Rio Grande
Pela primeira vez a pesquisa irá utilizar a técnica de pesca com covos em profundidades de até 2.000 metros e arrastos em até 1.000 metros. A expedição iniciou dia 09 de outubro e deve retornar em até 20 dias.
Um marco para a ciência brasileira: o Museu Oceanográfico Univali (MOVI) iniciou este mês uma expedição científica inédita à Elevação de Rio Grande (ERG). Pela primeira vez, a pesquisa irá utilizar a técnica de pesca com covos em profundidades de até 2.000 metros e arrastos em até 1000 metros. A embarcação saiu de Navegantes (SC) dia 09 de outubro e deve retornar em até 20 dias. Após uma longa viagem de 5 dias, as primeiras estações estão programadas para o dia 15 de outubro. Essa expedição conta com a parceria e o apoio da Marinha do Brasil, Instituto Cultural Soto e Grupo Oceanic.
A Elevação de Rio Grande (ERG)
A ERG é um planalto submarino anexado recentemente ao Brasil e ocupa uma área de mais de 900.000 quilômetros quadrados e localizada a 1.200 quilômetros da atual costa sudeste brasileira. É um conjunto de montanhas e cânions que, se estivessem em terra, formariam uma paisagem impressionante, marcada por fendas profundas e picos com mais de 4 mil metros de altura (o Pico da Neblina, maior montanha terrestre do Brasil, comparativamente, não chega a 3 mil metros). Hoje, todas essas estruturas da ERG estão completamente submersas, assentadas sobre um assoalho marinho de 5 mil metros de profundidade.

A maior anexação de área desde a independência do Brasil
A ERG foi anexada ao território brasileiro, conforme já consta no mapa 2024 do IBGE. Assim, a ERG passou a fazer parte da chamada “Amazônia Azul”, a Zona Marítima do Brasil, que abrange a área do oceano, águas acima do fundo do mar, solo e subsolo marinho na extensão do Atlântico a partir da costa até o limite exterior da Plataforma Continental do Brasil. Trata-se da maior anexação de área ao nosso território, desde a independência do Brasil.

Esta área desempenha um papel crucial na economia nacional, visto que a grande maioria do comércio internacional e da produção de petróleo do país ocorre nessa região, que também abriga uma rica variedade de recursos naturais, minerais e áreas ambientais importantes, junto com portos estratégicos e instalações industriais. Além de ser um espaço geográfico, a Zona Marítima do Brasil tem importância política e estratégica para o país. Localizada no Atlântico Sul, é mencionada em documentos de alto nível como a Política Nacional de Defesa, a Estratégia Nacional de Defesa e o Plano Estratégico da Marinha até 2040. É considerada patrimônio nacional, sendo fundamental protegê-la, preservá-la e explorá-la de forma sustentável.
Devido à dinâmica e às mudanças nos cenários geopolíticos e aos interesses diversos, é necessário que a Marinha do Brasil mantenha uma presença forte nessa região, além de desenvolver sistemas de monitoramento e controle para lidar com as ameaças atuais e futuras, como a pesca ilegal. Com 7,4 mil quilômetros de costa, o Brasil tem, sob sua jurisdição, 3,5 milhões de quilômetros quadrados de espaço marítimo. Área que apenas o Brasil pode explorar economicamente - Zona Econômica Exclusiva (ZEE).
Museu Oceanográfico Univali e a Elevação de Rio Grande

O Museu Oceanográfico Univali (MOVI) é pioneiro em pesquisas na Elevação de Rio Grande (ERG), realizando estudos na região desde a década de 1990. Os dados e as coletas da última expedição (2024) foram apresentados em um workshop internacional em abril de 2025. Representando o MOVI, o diretor Prof. Jules Soto palestrou sobre a biocenose da ERG, ressaltando a diversidade dos organismos e a urgente necessidade de conhecimento deste grande ambiente marinho, um tema de importância internacional. Soto também destacou o apoio fundamental da Marinha do Brasil para o avanço das pesquisas. Os pesquisadores do museu Alexandre Kretzschmar e Gerson C. Rocha também apresentaram trabalhos sobre as faunas epipelágica e batipelágica da ERG, revelando aspectos pouco explorados das zonas profundas. A atuação do MOVI reforça o compromisso da Universidade do Vale do Itajaí com a pesquisa, a conservação e a cooperação na proteção dos oceanos.



