Projeto pedagógico transforma rimas em arquitetura afetiva e fortalece autoria na educação infantil da Univali
Livro “A Casa que Rima” materializa experiências de linguagem, memória e participação familiar

Fruto de um percurso com poesia, escuta e experimentação, a obra ‘A Casa que Rima’, um livro de versos produzido pelos alunos do 4º período da Educação Infantil do Colégio de Aplicação da Universidade do Vale do Itajaí (CAU / Univali), evidencia como o trabalho com palavras pode estruturar memórias e aproximar famílias da experiência educativa.
Com lançamento previsto para este início de dezembro, a experimentação com rimas ganhou dimensão coletiva e transformou a sala de aula em espaço de criação compartilhada.
Conduzidas pela professora Cristiane de Oliveira, as crianças com idade entre 5 e 6 anos construíram seu próprio livro a partir de uma proposta pedagógica que une repertório literário, imaginação e práticas de linguagem que valorizam a autoria desde a primeira infância.
“As rimas despertaram curiosidade, alegria e imaginação. Transformar essa energia em criação coletiva foi um passo natural”, conta Cristiane.
A diretora do Colégio de Aplicação da Univali, professora Arlete Kumm, destaca o papel institucional da obra.
“Práticas como essa reafirmam a infância como território de autoria e pesquisa. Quando uma criança descobre que pode produzir um livro, ela também descobre que pode produzir mundo. Esse é o compromisso da Educação Infantil da Univali: oferecer experiências de aprendizagem que sejam afetivas, significativas e intelectualmente instigantes”, diz.
#PraTodosVerem: Foto em formato de colagem mostrando três crianças individualmente em atividades de arte, colorindo e colando materiais em desenhos que representam casas.Construção coletiva
A construção da obra teve início quando a turma — que adotou o nome de grupo Casa para este ano letivo — manifestou o desejo de transformar suas descobertas em livro. A partir desse ponto, a professora Cristiane propôs que as próprias crianças fossem o alicerce da narrativa: seus nomes serviram de base para a pesquisa das rimas, e cada nova combinação se convertia em uma página. O livro foi tomando forma como uma casa que se levanta aos poucos, tijolo por tijolo, em diálogo entre imaginação, escuta e autoria infantil.
Esse percurso atravessou momentos de sala, interações familiares e escolhas que ultrapassaram o campo do texto. As crianças experimentaram sementes, bambu, isopor e recortes variados para montar a casa que rima — uma arquitetura simbólica construída entre brincadeira, investigação e elaboração narrativa.
Entre descobertas e risos, alguns registros espontâneos ecoam o espírito do processo:
“Eu senti alegria em fazer uma casa de sementes”, conta Catarina, 6 anos.
“Fiquei feliz em ter um livro nosso”, completa Henrique, 5 anos e 11 meses.
Para a orientadora pedagógica da Educação Infantil, professora Daniela Odete de Oliveira, o projeto dialoga com o que há de mais contemporâneo na área.
“Quando a criança cria, ela não só participa: ela se reconhece. A autoria na primeira infância fortalece autonomia intelectual, pensamento crítico e vínculo afetivo com os livros. ‘A Casa que Rima’ demonstra como linguagem, arte e imaginação podem se integrar de forma potente na prática pedagógica”, explica.
#PraTodosVerem: Foto em formato de colagem mostrando duas crianças individualmente em atividades de arte e o close-up de um trabalho com adesivos do Mickey em formato de uma casa.Literatura, inspiração e colaboração
Embora dialogando com experiências anteriores da professora Cristiane, ‘A Casa que Rima’ se insere em um percurso mais amplo: é o quinto livro produzido por ela com diferentes grupos da Educação Infantil. Os três primeiros — realizados em 2019, 2021 e 2023 — foram releituras de obras de Todd Parr (O Livro da Família e O Livro da Gratidão). Em 2024, surgiu o primeiro projeto totalmente original, ‘Era uma vez sem fim!’, criado pelo grupo Livro. Agora, em 2025, o grupo Casa dá continuidade a essa trilha autoral com um trabalho inteiramente concebido pelas crianças.
Cristiane explica que essa prática faz parte de sua proposta pedagógica: ampliar o repertório literário em sala de aula e, a partir do interesse das crianças pelos livros, convidá-las a construir narrativas próprias. A iniciativa reforça a aproximação entre família e escola, preserva memórias e consolida a identidade pedagógica do Colégio de Aplicação da Univali.
“Busco continuamente ampliar o repertório literário das turmas com as quais trabalho e o entusiasmo das crianças pelos livros impulsionou a construção coletiva do projeto”, detalha a professora. Para ela, o livro também carrega um sentido de memória que ultrapassa o presente da sala de aula. “Quando cada criança deixa suas digitais em uma obra, ela cria algo que poderá revisitar no futuro; não será apenas uma história ou um desenho, mas uma viagem ao tempo da Educação Infantil”, emociona-se.
Com o material já encaminhado para impressão, a expectativa agora se volta para o encontro com as famílias, previsto para acontecer até 10 de dezembro. Os responsáveis ainda não viram a obra, o que dá a esse momento um caráter de revelação: uma casa construída com rimas, gestos, materiais simples e um imaginário compartilhado que cresce junto com as crianças.
A produção contou ainda com a atuação da auxiliar de sala Mariana Borba Gallina, do mediador Gustavo Silva Rebello e com a participação especial de Sara Dendena, reforçando o caráter colaborativo do percurso.
#PraTodosVerem: Foto em formato de colagem mostrando três crianças individualmente em atividades de arte, desenhando ou construindo a forma de uma casa em uma sala de aula.- Mais informações:
Colégio de Aplicação da Univali (CAU)
Secretaria: (47) 3341-7571
Direção: (47) 3341-7546



